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“Quando tu quiseres, no teu tempo, sem pressa!”



Algo peculiar acontece com quem estuda um instrumento, pratica arte, esporte, etc.


Por exemplo, quando aprendemos uma música, inevitavelmente, costumamos tocá-la muitas vezes, então acontece algo: primeiro ela se torna um pouco mais “fácil”, depois um pouco mais difícil, depois um pouco mais fácil novamente. 


O que acontece?


É um acontecimento singular, difícil explicar. Estudamos uma peça incessantemente, travamos, cansamos, então, paramos e a retomamos após alguns dias, e, de repente, como se fosse mágica, a música flui de forma muito mais natural, parece que ganhamos uma habilidade extra, um nó se desfez! 




Esse é um fenômeno diferente da maioria das formas de aprendizado, não é, por exemplo, como ler e decorar informações. 


É mais misterioso do que isso, ou seja, certo dia, sem saber como, você acorda “transportado" para uma nova realidade em que, de repente, está mais hábil do que estava no dia anterior. O corpo mudou, a percepção, a confiança, a habilidade, tudo mostra um crescimento, uma adaptação àquilo que foi estudado. 


O que esse fenômeno nos ensina? Que a prática com disciplina nos leva a certo ponto do caminho, depois é preciso tempo para uma maturação, um tempo para a absorção pelo corpo e mente. Gosto de chamar essa fase de recuperação. 


Na musculação, a prática rompe o músculo, e a recuperação o reconstrói mais forte do que antes. Esse elemento passivo é tão importante quanto o ativo.


Em geral, pensamos que para avançar a excelência artística é necessário um trabalho incessante. É verdade, mas só a metade da verdade. É necessário fazer pausas, afastar-se e retomar mais tarde, descansado, amadurecido. 


Acredite (demorei muito para entender e aceitar isso!), você é capaz de coisas incríveis hoje, mas talvez amanhã retroceda, isso é normal, está tudo bem! Não desanime, não se cobre tanto, pense nesses momentos como um repouso, uma pausa necessária.


Há dias em que sento no piano e tudo sai, tudo acontece, flui naturalmente, uma maravilha! Porém, no outro dia, não tem jeito, por mais que eu me esforce, a nota sai mastigada, a dinâmica não aparece, a interpretação não sai, enfim, é sofrível! 



Muitos acreditam que para evoluir, é preciso ser sempre duro. Deixe essa parte para os críticos. Não ceda ao seu "juízo severo" (e acredite, ele pode ser realmente severo! O meu é um general! ) Você será muito mais produtivo se for incentivado com delicadeza e na constância de uma boa estratégia.


Assim sendo, importante ter em mente que tanto quanto uma disciplina organizada, a recuperação, o descanso no momento oportuno é fator essencial para causar grandes saltos de aprimoramento. 


Esse ciclo de prática e maturação cria um crescimento multifacetado. Você constrói foco e concentração, treina o cérebro para aprender com mais eficácia e facilidade.


Enfim, como falo sempre para meus alunos nos recitais antes de cada execução: “Quando tu quiseres, no teu tempo, sem pressa!” - Tenha uma metodologia de estudo, estude, descanse e tenha calma.


Por último, estudar um instrumento não é apenas aprender música, é conhecer metodologias de estudo, é obter autoconhecimento, desenvolver virtudes como paciência, disciplina, persistência, etc.


Estudar um instrumento traz outros resultados, mais competências podem ser estimuladas. Por exemplo: aprender a tocar piano provavelmente melhorara sua audição, sua concentração, sua percepção do belo, da estética, etc.




*Reserve tempo para estudar música de forma orientada, procure um professor.



 
 
 

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